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15 de julho de 2013

Minha vida sem mim

Durante um tempo achei que vivia plenamente e que aproveitava tudo o que a vida poderia me oferecer. Era feliz, ou achava que era.

De repente o que eu achava certo se tornou errado. Custei a acreditar, briguei, chorei, insisti, persisti até não me restarem mais forças. Chegou o fim do caminho e tive que escolher entre continuar lutando ou desistir.

Desisti.

Mas o que mais dói é perceber que a vida não para, o mundo não para, não importam os motivos ou as argumentações, o tempo passou e a sensação de que você ficou para trás é inevitável.

Cair no mundo real nos faz ralar os joelhos, nos deixa com lágrimas nos olhos e agonia no coração.

Muita coisa mudou e você percebe que não participou de nada disso. O sentimento de injustiça predomina, mas a escolha foi minha e recuperar tudo isso também depende só de mim. Parece fácil, mas não é. As pessoas não confiam mais em você, já não sentem mais a sua falta.

A vida continuou e a sensação de que você não faz mais parte dela é revoltante. O que antes era fácil hoje necessita de muito esforço: a saúde, a autoestima, a confiança, a inteligência, a conversa leve, as risadas ...

Se me arrependo? Não. Aprendi muito e conheci um sentimento incrível e verdadeiro, só que ele se transformou em doença, em loucura.

Preciso correr atrás do prejuízo, preciso saber quem eu sou e como serei daqui pra frente, me redefinir para provar a mim mesma que eu ainda sou capaz. Assim também espero provar para os amigos queridos que estou de volta.

Não sou tão inocente a ponto de acreditar que as coisas serão como antes, mas algumas pessoas fazem falta, amigos que um dia foram especiais e que eu magoei. Já me disseram que somente os verdadeiros ficam, de fato se não fossem estes eu estaria perdida, mas preciso me redimir, pedir desculpas pelo que fui.

Estou tentando e espero nunca mais ter que desistir e recomeçar.

7 de fevereiro de 2013

“Os Miseráveis”: Um convite para olhar para baixo


O meu texto original foi publicado no Ambrosia, mas como ele foi feito as pressas e algumas coisas passaram batido na revisão do editor, eu resolvi reescreve-lo aqui no blog. 


Primeiro vamos esclarecer que o musical dirigido por Tom Hopper (O Discurso do Rei) não é uma adaptação fiel e direta do famoso romance do escritor francês Victor Hugo “Les Misérables” publicado em 1862. O filme é uma adaptação de um famoso musical da Broadway criado por Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg.

O filme já ganhou 3 Globos de Ouro e ainda concorre a 8 Oscars. Mas se você não for fã de musicais, não vai aguentar nem os 10 primeiros minutos das 2h40 de pura cantoria e raros diálogos. Porém se for uma pessoa que ama musicais (como eu) vai adorar e vai torcer muito para que eles levem as estatuetas.

A história se passa na França do século XIX, entre os anos de 1815 e 1832, décadas seguintes a Revolução Francesa, e se baseia na vida de Jean Valjean (Hugh Jackman). Um homem que foi preso e condenado ao trabalho escravo por ter roubado um pão para dar de comer ao sobrinho. Condenado a 5 anos e com várias tentativas frustradas de fuga, sua pena aumenta para 19 anos.



Quando enfim ele é livre, descobre que tem carregará o estigma de um prisioneiro perigoso pelo resto de sua vida (o que não difere muito dos dias atuais) e ainda ter que fugir das perseguições do inspetor Javert (Russell Crowe).

Jean Valjean tenta, mas não consegue arrumar emprego e nem abrigo. Até que é amparado por um bispo (Colm Wilkinson). Só que Valjean não consegue mais acreditar na bondade das pessoas e antes do amanhecer foge com toda a prataria do bispo. Mas ele é capturado novamente e levado até o bispo que o encobre dizendo que foram presentes.



O ex-prisioneiro não entende muito bem o motivo de tudo aquilo, a amargura tinha tomado conta de sua alma e ele já não acreditava mais em redenção. Mas decide tentar uma nova vida e com outro nome. Tempos depois ele aparece como um bondoso prefeito e empresário de uma pequena cidade.

Na mesma época Javert se torna chefe de polícia da tal cidade e vai oferecer seus serviços ao prefeito. O policial não o reconhece de imediato, mas como tempo passa a desconfiar. Neste mesmo momento Fantine (Anne Hathaway), funcionaria da fabrica de Valjean é descoberta ser mãe solteira e por isso expulsa da fábrica pelo supervisor. Como tem que mandar dinheiro para os donos de uma estalagem que cuidam da sua filha, ela acaba se afundando sem ajuda nem compaixão ela vira prostituta e mora na rua.

As cenas são fortes e Anne Hathaway realmente se entregou ao personagem. No momento em que ela interpreta ”I Dreamed a Dream”, que ficou conhecida do público em geral pela interpretação de Susan Boyle, me emocionou demais. Ela foi perfeita!



Quando Fantine vai revidar a agressão de um homem que a humilha por ser prostituta, Javert aparece para prendê-la. Jean Valjean vem em seu socorro. Valjean descobre toda a história da moça e a leva para se tratar em um hospital. Depois promete achar e cuidar de sua filha.

No desenrolar da história Javert descobre a verdadeira história do prefeito e Valjean volta a ser um fugitivo. Quando ele encontra a filha de Fantine, chamada Cosette, percebe que os donos da estalagem são dois trapaceiros, o casal Thénardier (Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter) que para variar estão esquisitos e engraçados, proporcionando alguns dos momentos mais divertidos da trama e deixando-a um pouco mais leve.



Depois de comprar Cosette (Amanda Seyfried na juventude) do casal, Jean Valjean foge com a menina e cuida dela como a uma filha. O ex prisioneiro descobre então a vantagem de ter alguém ao seu lado, de ter uma companhia com quem conversar, cuidar, passear e caba depositando nela uma super proteção privando-a de muita coisa por medo de perde-la e de ter que ficar sozinho novamente.

Tempos depois os jovens militantes Éponine (Samantha Barks), Marius Pontmercy (Eddie Redmayne), Enjolras (Aaron Tveit) e Gavroche (Daniel Huttlestone) que acreditam na liberdade do seu povo tentam proclamar a república e eliminar a pobreza que assolava o país. Há ai uma critica muito grande ao momento monárquico e político que era vivido na época. Os jovens foram ás ruas, fazem barricadas e lutam pela real liberdade de seu povo. O pequeno Gavroche é um personagem apaixonante. São cenas comoventes.



Indiretamente em questão da batalha dos militantes com os guardas do rei, os personagens se reencontram. Neste momento Cosette (Amanda Seyfried) e Marius (Eddie Redmayne) se apaixonam e tentam ficar juntos apesar das batalhas e do protecionismo do pai adotivo da jovem. É um romance bobo e bem superestimado.

Jean Valjean percebe que não pode proteger a filha adotiva para sempre e decide ajuda-la, não quer que ela sofra e cuida de Maruis após a batalha. Quem também reaparece é o casal Thénardier, sabotando a todos os mortos na batalha e posteriormente interrompendo o casamento de Cosette e Marius.

Na batalha Jean Valjean salva a vida de Javert, este não entende o motivo de tal atitude, fica perturbado com ideias contraditórias. Pois ele crê na justiça e não e não existe nenhuma lei que diga que um prisioneiro tenha direito a redenção, muito menos nas questões cristãs. Um conflito interno que termina em suicídio.



Eu gosto muito da obra de Victor Hugo, pois ela discute problemas sociais como a pobreza e a miséria, a injustiça da justiça, a moral dos regulamentos, a degradação da mulher e a fé. São assuntos pesados que deixam em evidencia a ausência de compaixão, principalmente dos ricos.

Tom soube explorar tudo isso, e nos apresenta personagens que vivem intensamente na batalha por seus objetivos, alguns querem vingança, outros redenção, liberdade, amor, enriquecer, entre outros. O filme tem um cenário incrível que (aparentemente) retrata bem o submundo de Paris da época, um figurino fantástico, uma fotografia intimidante com muitos closes e claro as músicas.

Apesar de muita gente ter criticado as performances dos atores na cantoria, eu acho que todos conseguiram cumprir o seu papel lindamente. Temos que levar em consideração que neste longa os atores não gravaram as músicas e depois as dublaram em cena, foi tudo ao vivo. Os atores tinham apenas um ponto eletrônico em que um pianista lhes dava o tom.



Sou suspeita para falar de musicais mas a ideia de os atores cantarem ao vivo enquanto interpretavam dá mais emoção e faz com que o publico se sinta mais “intimo” do personagem. Por isso não me importei com o fato de algumas desafinadas. Mas repito, se você não gosta de musicais NÃO VÁ VER O FILME. rs

Vou terminar o meu texto com a mesma frase que o autor Victo Hugo termina o seu livro: “Enquanto a ignorância e a miséria persistirem sobre a terra, ainda haverá necessidade de livros como este”.

8 de agosto de 2012

ao vento ...

Um dia ensolarado no parque. Um casal dança ao som do celular, mas eles estão com fones de ouvido e quem passa não entende o que acontece. Mas eles entendem e dançam, colocam a música no repeat e valsam como se não houvesse o amanhã. E então ao pé do ouvido da menina ele sussurra o trecho "my one and only" e naquele momento o tempo parou. E devia ter parado de verdade. Hoje, um não passa de uma boa lembrança para um, e de uma horrível lembrança para outro. Talvez ainda se amem, mas sabem que não podem ficar juntos. A vida segue, cada um no seu caminho. Um tentando e o outro desistindo. Mas um dia eles vão se reencontrar, já está escrito e já foi previsto em sonhos. Mas enquanto não ficam preparados para tal reencontro fica a saudade das coisas boas, a esperança de que algo de bom tenha acontecido (de que nada tenha sido em vão) e a raiva dos momentos ruins ....



13 de junho de 2012

Morando com estranhos

Qual o dever de uma família? Desde que eu me conheço por gente, desde as minhas lembranças mais remotas, busco por esta resposta. E hoje me pus a refletir se esta resposta realmente existe. Afinal de contas, tudo neste mundo é relativo. Não é?

Existem famílias que sempre foram pobres de espírito, famílias que nunca tiveram uma expectativa de vida e estão vivendo felizes, uns com os outros. Por outro lado existem famílias batalhadoras, que sempre buscam o seu melhor e sempre se ajudam a trilhar o caminho da vida. Mas a descrição de famílias vai muito além disso, é muito mais complexo do que apenas se amarem ou não. Ter condições sociais ou não.
Algumas pessoas acreditam em carma, outras no destino, outras em vidas passadas, outras em aprendizagem do ser humano, outras em nada. Existem pessoas que levam a sua família nas costas como um caramujo, e há aquelas que vivem a sua vida e deixam a família fazer algumas participações especiais. Em outras família é mais fácil puxar o tapete de alguém e ser superior.
Não tenho a prepotência de dizer quem está certo ou quem está errado, tenho a minha crença e sei bem no que acredito. Agora, gostaria de entrar em outra questão, e as nossas necessidades?
Isso mesmo as necessidades. De um dia chegar empolgada do trabalho e poder compartilhar esta alegria, chegar revoltada do trabalho ou da faculdade e poder despejar em casa, naquela pessoa que você sabe que pode confiar. Ficar doente e saber que haverá um abraço de consolo, um remedinho na cama. Nos momentos de dificuldade financeira poder contar com o apoio de quem pode, mesmo que esse apoio sejam apenas palavras de incentivo e de coragem para que possamos seguir em frente. Receber visitar e ir a festas sem precisar fingir que ama aquele que mora contigo.
Necessidade de apoio, carinho, compreensão e por que não de convivência. Será que o dever da família é simplesmente um existir? Será que o dever de uma família é mentir? Brincar de ser feliz?
Tenho amigos que comentam que família só serve para casamentos ou velórios. Por quê? Infelizmente na minha família nem mesmo isso acontece.
Sinto todos os dias que durmo com o inimigo, aquele que não perde a oportunidade de me apunhalar, de descontar coisas de seu passado ao qual eu não fiz parte. Seja com um olhar, com uma briga, com um xingamento disfarçado, ou até mesmo com o silêncio ....
Problemas emocionais, uma tempestade que ameaça me pegar de jeito, uma operação que o SUS não cobre, um convênio que não existe, um pai que nem sabe a data de nascimento da filha, entre tantas outras coisas o que mais importa na verdade é o dinheiro. As vezes penso que nem  isso, que o importante mesmo é pisar em quem já está na merda, para ter o gostinho da vitória e sentir o sabor da superioridade.
Drama? Nos dias de hoje está na moda. Mas se alguém souber a resposta da minha pergunta, estarei aqui esperando ...

7 de março de 2012

HQ Front e a sua biblioteca

As pessoas gostam de identificação não é mesmo? Como é bom ler
algo e perceber que não estamos sós no mundo, que outras pessoas pensam como
nós e sofrem as mesmas coisas que a gente. Cada um a sua maneira.

Por isso que me apaixonei pela Revista Front da Editora Via Lettera.
Suas capas chamam a atenção e ao abrir aquele exemplar você se depara com
quadrinhos, contos e ilustrações que definem os nossos medos, alegrias,
sentimentos, revoltas ...

O HQ Front segue a linha de trabalho colaborativa que mistura
novatos com veteranos, brasileiros com gringos, incentivando assim a variedade
dos estilos e a diferenciação dos roteiros.

Cada edição tem um tema específico como Arte, Amor, O Estranho, Trabalho,
Violência, Infância, Medo, Morte, ódio, Sonho. Sempre buscando vivenciar alguma
sensação. Sempre com ilustrações em preto e branco e tons de cinza que dão um certo ar melancólico para as histórias.

Em sua trajetória, já conquistou muitos prêmios como :

- HQ
Mix 2001
Revista Mix
Projeto Editorial
Desenhista Revelação - Samuel Casal

- HQ
Mix 2002
Revista Mix
Projeto Editorial
Desenhista Revelação - André Kitagawa

- HQ
Mix 2003
Revista Mix
Projeto Gráfico
Desenhista Nacional - Samuel Casal
Desenhista Revelação - Bueno
-
HQ Mix 2007
Publicação Mix
Roteirista Revelação - Daniel Esteves

Claro que, como em qualquer publicação há alguns participantes que
deixam a desejar e algumas histórias que não chegam a lugar nenhum. Mas no contexto
é um ótimo HQ que eu recomendo para a sua coleção.

Só lamento pela briga que o Conselho editorial teve com a Editora
Via Lettera e por isso o projeto não existe mais. Mas estou torcendo para que
eles consigam (pelo menos) lançar a última edição sobre Música, que inclusive
está pronta desde 2008.

No site http://www.vialettera.com.br/front/edicoes/index.htm
é possível ler algumas gratuitamente. Lets Go!

12 de janeiro de 2012

O sonho de Woody Allen

LOL! Achei que não lembraria a senha ... hehe
Mas chega de promessas e vamos logo ao que interessa.

Depois de passar muita vontade, finalmente consegui assistir ao filme Meia noite em Paris. O filme é extremamente envolvente e com uma magia surreal, coisa que só Woody Allen é capaz de fazer.

Quem nunca teve vontade de viver em outra época que não é a sua? O protagonista da história é o Gil (Owen Wilson), um roteirista americano que quer ser escritor e é apaixonado pela lindíssima Paris dos anos 20. E tenho que concordar, Paris deve mesmo ficar mais bonita quando chove.

Ou seja, o protagonista gostaria de viver em uma época em que os grandes artistas viviam, faziam reuniões, iam aos cafés para terem conversas inimagináveis e dançar. Paris era o centro de grandes artistas e Gil queria fazer parte dessa nata.

Loucura ou não, ele consegue realizar esse desejo. Sempre após as baladas do início da madrugada ele recebe a carona de um estranho e de repente ele se vê conversando e vivendo com os grandes astros da época como os escritores F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway, o músico Cole Porter, o pintor Pablo Picasso e o cineasta Luis Buñuel, dentre outros.

A cada dia uma nova experiência e uma nova amizade. Situações milaborantes e encantadoras, sempre com um toque de humor. Como quando ele conversa com Hemingway sobre uma de suas obras, mas ele não o entende e muda de assunto drásticamente, afinal o livro ainda não havia sido escrito. Há também a vez em que encontra com Luis Buñuel em um café e lhe sugere fazer um filme tal qual ele viria a fazer nos anos 60.


Incrível também é vê-lo na casa de Gertrude Stein (Kathy Bates), local muito freqüentado por artistas inseguros em busca de uma reflexão sobre sua obra, e participa de uma discussão sobre um quadro de Picasso. Gil então não fez diferente, pediu a ela que revisasse o seu romance.

O protagonista, alter ego de Allen, se envolve tanto com os momentos mágicos da meia noite que acaba tendo um caso com Adriana, ex de Picasso e de Hemingway, ao mesmo tempo que sua noiva se envolve com um “Wikipédia ambulante”. Esse é outro ponto marcante de Wood Allen, ele não vê a arte como uma decoreba de livros e faculdades, mas sim como algo que deve ser apreciado.

Como eu gostaria de receber uma carona e voltar para os anos 50 nos EUA. Imaginem, poder ir aquelas lanchonetes incríveis, dançar muito, poder ir ao show do Elvis Presley, do Jerry Lee Lewis e muitos outros. Praticamente viver um Grease. Haha
Aposto que o meu namorado gostaria de voltar para os anos 80. Poder ver bandas de rock incríveis em uma performance perfeita, com os integrantes originais, quem sabe até poder conversar com eles ou até mesmo tocar com eles. Ia ser o máximo, hein?

E você gostaria de voltar para qual época?

É tem coisas que só Woody Allen consegue lhe proporcionar! *_*